quarta-feira, 12 de agosto de 2009

AUGUSTO, ANJO DOS ANJOS


O BANDOMIM
Augusto dos Anjos


Cantas, soluças, bandolim do Fado,

E de saudade o peito eu transbordas
Choras, e eu julgo que nas tuas cordas

Choram todas as cordas do Passado!


Guardas a alma talvez de um desgraçado

Um dia morto da ilusão as bordas,

Tanto que cantas, e ilusão as cordas,

Tanto que gemes, bandolim do Fado.


Quando alta noite, a lua é fria e calma,
Teu canto vindo de profundas fráguas,

É como as nênias do coveiro d'alma!

Tudo etenizas num coral de endechas...

E vais aos poucos soluçando mágoas,
E vais aos poucos soluçando queixas!

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