terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

LEMBRANÇAS DO PASSADO


RUA DAS SAUDADES
Rogério Correia de Araújo (médico)

As cortinas de sereno me amanheciam,
assanhavam meus cílios.
As vozes do frio sussurravam pelas singelas
janelas de finas frestas.
Pássaros no flamboyant tingiam seus sopros
em pétalas vermelhas.
E todos os bancos da rua esperavam o sol
para aquecer suas curvas.

Passos curtos das senhoras de vestidos longos
a caminho da missa.
Passos largos das crianças que já se miravam
pelas calçadas da manhã.
E acima de nós, asas de nuvens e de aves
escalavam os passos do tempo.
Entre o início e o término da inesquecível
Rua Durval de Góes Monteiro.

Manhãs, tardes, noites e madrugadas
só molduravam nossas vidas.
Entre o calor da estrela maior e a fria auréola
da face bucólica lunar.
As vidas se entrelaçavam entre os nascimentos
e os silêncios saudosos.

Todas as pedras nos conheciam, todas tinham
nossa autêntica identidade.
As árvores sabiam todos os nossos nomes
e nós sabíamos os delas.
E entre os nossos sorrisos e serenidades
se consolidava toda uma história.



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