AMOR NA MADRUGADA
Arlene Miranda
A luz lilás, em plena madrugada,
De amor tocava os divinais contornos,
E eu sobre o teu rosto, então curvada,
Deitava sobre ele os lábios mornos.
E tu, sereno, não te apercebias
Daqueles beijos que eu te dava então,
Aquietado, imóvel, tu dormias,
Sem escutar pulsar meu coração.
Da janela me vinha um cheiro agreste,
E eu, relembrando o amor que tu me deste,
Sentia, ainda, o afago do teu beijo...
Naquela hora, em mágico cansaço,
Quis me prender total no teu abraço,
E navegar no mar do teu desejo.
Um comentário:
Minha amiga Arlene,
Só da sensibilidade de um poeta nasce inspiração desse tamanho. Seu soneto diz, com muita firmeza, por quê o "amor na madrugada" faz dos amantes (verdadeiros) pessoas excepcionais... Paulo Goes
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