domingo, 21 de setembro de 2008

SONETO


ANJO DA NOITE
Arlene Miranda


Na penumbra lilás do cabaré
o casal se beijava abraçado.
E a menina que se fez mulher
se entregava à volúpia do pecado.

O Anjo na orgia mergulhava,
perdido entre as luzes do salão.
Ninguém sabia o que o maltratava
nem a angústia do seu coração.

Disfarçando a tristeza de su'alma,
para que não lhe vissem a agonia,
a formosa boneca, sempre calma,
àqueles homens se oferecia.

Seu rosto, como pedra da estrada,
escondia da alma desvairada
a dor que a feria num açoite...

E no quarto, ante a lâmpada velada,
o Anjo pedia, em plena madrugada:
"Amor, quero dormir, ainda é noite!"




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