Soneto Oco
Carlos Pena Filho
Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.
De tempo, e tempo, e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.
Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,
pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.
Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha por este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.
Poesia publicada no Jornal do Comércio
um dia antes da morte do poeta.
Minha homenagem ao querido colega e
amigo Carlos Pena, com quem tive o prazer
de trabalhar no JC, nas décadas de 50 e 60.
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