A CHUVA
Arlene Miranda
Olho a chuva caindo na janela
e, ao longe, no alto da colina,
voeja a passarada, arisca e bela,
misturada à folhagem purpurina.
Cada pingo que cai, em plena noite,
traz rajadas do vento impertinente.
Com frias baforadas, num açoite,
ele salpica o coração da gente.
Chuva fria, por Deus abençoada,
cujos pingos deslizam na calçada,
molhas, com graça, a flor de manhãzinha.
Quem dera que tu venhas - não importa,
quando eu for uma simples coisa morta,
molhar de amor a fria cova minha.
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