
O BANDOMIM
Augusto dos Anjos
Cantas, soluças, bandolim do Fado,
E de saudade o peito eu transbordas
Choras, e eu julgo que nas tuas cordas
Choram todas as cordas do Passado!
Guardas a alma talvez de um desgraçado
Um dia morto da ilusão as bordas,
Tanto que cantas, e ilusão as cordas,
Tanto que gemes, bandolim do Fado.
Quando alta noite, a lua é fria e calma,
Teu canto vindo de profundas fráguas,
É como as nênias do coveiro d'alma!
Tudo etenizas num coral de endechas...
E vais aos poucos soluçando mágoas,
E vais aos poucos soluçando queixas!
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