
A FÉ
Bartolomeu Miranda
A multidão caminha peregrinando
Por acreditar piamente que vai obter
A salvação, com fé e adorando
A Deus, o pai Supremo.
A fé remove montanhas íngrimes
Mas também fanatiza e aliena
Aqueles que, na devoção, imprimem
Excesso na sua convicção religiosa.
E os fiéis seguem cantando em côro
Repetindo sempre os estribilhos,
Numa emoção contagiante, o choro
Se vê sentir nas vozes ecoadas.
Pela emoção, não percebem a razão
De sua longa caminhada eclesiástica,
Martirizando-se livremente na missão
de estarem dissipando seus pecados.
E a procissão segue já pela noite,
Chegando na reta final, o Templo,
Os fiéis cansados, como se levassem açoites
Acreditam ainda na sua denodada jornada.
Levados pela carência, principalmente,
A fraqueza os conduz a recorrer aos ritos
À reza, à penitência do corpo e da mente,
Sem a preocupação maior da lógica e da razão.
E de fato este comportamento ecumênico
Em nada prejudica aos irmãos devotos,
Mas conforta sobretudo aqueles mais excêntricos
Justificando a busca no fortalecimento de viver.
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