domingo, 31 de agosto de 2008

Soneto


CEGUEIRA BENDITA
Florbela Espanca

Ando perdida nestes sonhos verdes
De ter nascido e não saber quem sou,
Ando ceguinha a tatear paredes
E nem ao menos sei quem me cegou!

Não vejo nada, tudo é morto e vago...
E a minha alma cega, ao abandono
Faz-me lembrar o nenúfar dum lago
Stendendo as asas brancas cor do sonho...

Ter dentro d'alma a luz de todo o mundo
E não ter nada nesse mar sem fundo,
Poetas meus irmãos, que triste sorte!...

E chamam-nos a nós iluminados!
Pobres cegos sem culpas, sem pecados,
A sofrer pelos outros té à morte!

Frase

"É legítimo tudo o que em nós corresponde
a uma exigência, mas só o amor torna
tudo autêntico"
Reverendo James de Weerd

sábado, 30 de agosto de 2008

Poema

O ANDAIME
Fernando Pessoa

"O tempo que eu hei sonhado
Quantos anos foi de vida!
Ah, quanto do meu passado
Foi só a vida mentida
de um futuro imaginado!"

Ilusões da Vida

Francisco Otaviano

Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu
Quem não sentiu o frio da desgraça
Quem passou pela vida e não sofreu
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Soneto

NOSSA TERNURA
Arlene Miranda

A cálida voz ao telefone soa,
Mensageira de amor, alma liberta,
Alegre a me buscar, ave que voa,
Entra feliz pela janela aberta.

Manhã brilhante, a tua voz ouvindo,
Meu coração te escuta, enternecido.
– Quantos terão, na vida, amor infindo,
Como esse puro amor por nós vivido?

Vem depressa pra dentro dos meus sonhos,
Pois sem ti sou um pobre remoinho,
Vagando por espaços tão medonhos.

Mergulhada total nos meus desejos,
Meu afeto tem sede de carinho,
E meus lábios têm ânsia de teus beijos.

Maceió, 16/06/2007

Soneto

ALGUÉM ESPECIAL
Arlene Miranda

Felizes os que passam pela vida,
Buscando encontrar felicidade,
Sem terem medo de enfrentar a lida,
Sem mergulhar nas poças da maldade.

Feliz quem não tem medo de sonhar,
E enfrenta, altivo, a fatalidade,
Que faz da sua dor um caminhar
Guardando n’alma o gosto da saudade.

Se encontrares, no mundo, alguém assim,
Que aprecia as flores do jardim,
Estende-lhe a mão, dá-lhe amizade...

Queira-lhe bem, exalte o seu sorriso,
Compartilhe com ele o paraíso,
E toda a sua aura de bondade.

Maceió, 26/11/2006